Esses dias, conversando com o Fábio sobre como nossa vida mudou depois da Duda, ele me disse uma frase, que, a princípio, até concordei, mas por algumas situações que passei essa semana, percebi que não é bem assim. Ele disse:"Foi bom termos aproveitado muito, porque só podemos ter saudade daquilo que já vivemos". Em parte isso é uma verdade, mas por outro lado, sabe aquela coisa que você espera, cria na sua cabeça como vai ser,e de repente, ela não acontece? É disso que estou falando: saudade da expectativa que você criou e não aconteceu...
Semana passada, um amigo meu da 8 série, postou essa foto:
Faz muito tempo! E lembro como se fosse hoje de cada uma dessas pessoas. A maioria se perdeu no tempo, ficamos anos sem ter notícia uns dos outros,e aí, pelo Facebook, nos achamos.É engraçado isso, né? O Fabio sempre fala que as amizades são cíclicas, que uns vão, outros vem, e poucos ficam. Eu sempre me recusei a aceitar essa teoria dele, mas é a mais pura verdade...E não é porque não queiramos que as pessoas permaneçam nas nossas vidas.É pura e simplesmente, pelo movimento da própria vida.
Eu não sei se é porque moramos em São Paulo, mas impressão que dá é que nunca temos tempo para nada. Não temos tempo para ver os amigos, para dar um telefonema, para levar o filho no Zoológico, para ir ver a família.Com o celular então, parece que todas essas coisas tornaram-se totalmente "supérfluas". Como eu tenho saudade de quando entrei na Faculdade e as minhas amigas de Brasília me escreviam cartas que guardo até hoje...
E aqui nessa cidade louca, nesse corre-corre, passa um ano e você se dá conta que aquela amiga querida, que você fala quase todos os dias por mensagem, whats app, Facebook, que mora ao lado da sua casa, você não viu o ano inteiro...E assim a vida vai passando e a impressão que dá é que estamos acompanhando de fora, como num cinema, a nossa própria vida passar.
Há muitos dias, quando vou colocar a Duda para dormir, fico olhando pra ela, e já tenho saudade dessa fase que ela está. Num piscar de olhos, quando a gente menos esperar ela vai estar enorme, indo pra balada, ou não rs, nem querendo mais dormir em casa, achando um "mico"dar um beijo na gente na porta da escola...
Sinto falta da minha mãe, com quem falo religiosamente todos os dias, mas não está fisicamente aqui ao meu lado... E, às vezes, um colo de mãe faz tanta falta... Saí de casa com 18 anos e não voltei mais. Quando ela falava sobre a saudade que tinha de mim, que telefonemas diários não eram suficientes para abrandar a falta, eu achava bobagem...Mas hoje, de verdade, meu maior desejo é que ela pudesse morar perto de mim...
E a ausência do meu pai... Essa é uma saudade que dói, que não passa, que apenas me acostumei com ela... Eu não tinha com ele a amizade que tenho com a minha mãe, mas ele tinha o jeito "Marcelo Viana" de ser, que faz muita falta. Engraçado, "piadista", tinha umas tiradas que só ele sabia fazer...
Tenho saudade até de quem está todos os dias ao meu lado. Pela correria, a Duda, coisas importantes pra fazer, o cansaço, o trânsito caótico, deixamos às vezes de lado, as coisas mais simples e gostosas da vida: sentar no sofá, tomar um vinho, conversar, perguntar como foi o dia, jantar à mesa (!). Há alguns dias estabelecemos uma regra em casa: pegar no telefone o mínimo possível depois que passamos da porta de entrada. Senão, fica cada um no seu mundo virtual e esquece do real. E nisso, pegamos muito um no pé do outro. Na verdade, mais o Fábio no meu que eu no dele. Tenho saudade das coisas boas que já vivemos, das viagens que fizemos, das corridas que podíamos fazer juntos (afinal, nos conhecemos por causa dela), mas como ele mesmo diz: "Ainda bem que fizemos tudo isso porque só assim podemos ter saudade". Hoje a nossa vida é muito diferente em função da Duda, mas muito mais colorida também. Acho que os filhos mudam o casamento pra melhor: mais companheirismo, mais cumplicidade (mais!!), muito mais amor. Quanto ao resto - as baladas, as viagens, as saídas - ainda estamos tentando nos adaptar, pela opção que fizemos de não ter uma babá. E não me arrependo nenhum minuto dessa escolha que fizemos.
Tenho saudade de todos os meus amigos: os que estão perto, os que estão longe, aqueles com quem só falo uma vez por ano, mas parece que nunca deixo de falar. São pessoas tão importantes na minha vida e que tenho "raiva" de mim mesma de deixar tanto tempo passar sem encontrá-los.
Ontem eu perdi uma amiga muito, mas muito querida. Pelo movimento da vida. Tínhamos várias coisas planejadas juntas, que esperávamos há muito tempo que acontecesse. E essas coisas que não aconteceram, vão deixar saudade. Ainda bem que desde o acidente que sofri quando eu estava grávida, eu procuro, sempre que tenho vontade, dizer às pessoas que estão ao meu lado, o quanto eu as amo. E com ela não foi diferente. Vai fazer uma falta gigante. Estou com um buraco no meu coração, mas cada dia mais, penso que Deus, o Universo, ou quer que seja que as pessoas acreditem, faz as coisas acontecerem da forma que tem que ser. E não cabe a mim, discutir essa coisa doida que se chama destino...
Um dia li um texto perfeito sobre saudade, e um trecho é este:
"Saudade é temer a vinda do novo e teimar em achar que o velho sempre será a melhor parte dessa obra de arte, chamada vida." (o texto é maravilhoso, e está na íntegra, aqui )